Como consequência da elevação na taxa básica de juros, existe a expectativa de que ocorra uma nova taxa de juros de financiamento dos contratos imobiliários. O financiamento imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos, sem incluir o financiamento com o FGTS, registrou um recorde em junho deste ano, com um valor superior a 86 mil unidades financiadas. O volume de financiamento foi beneficiado pelas baixas taxas de juros nas operações de crédito ao setor. Entretanto, pode ser que esta boa performance não se repita no segundo semestre deste ano.
O sucesso deste setor no primeiro semestre, fazendo que fossem superadas dificuldades como a da elevação no preço dos insumos, se deveu às baixas taxas de juros dos contratos de financiamento. Estas taxas mantiveram atraente as linhas de crédito para o setor. É importante que as autoridades monetárias observem este processo e que mantenham um acompanhamento sobre a dinâmica da taxa de juros que é utilizada como referência para o setor. Estar atento ao desempenho deste setor é relevante para não diminuir o atual desempenho da indústria da construção civil, segmento fundamental para a geração de empregos e para o crescimento do país. O segundo semestre deste ano poderá ser crucial para determinar a realidade da indústria da construção civil pelo próximo ano.
Um conjunto de indicadores ainda vem mostrando o bom desempenho deste segmento.
A evolução do emprego formal na construção civil, com os dados do CAGED, já superou 174 mil em junho deste ano. Foi de 106 mil no final de 2020. Este é um dos setores que mais emprega no país. Continua em alta a produção de aço laminado, indicando o vigor desta indústria. O setor participa com 6% do PIB, podendo atingir uma participação superior a esta taxa neste ano. Em julho, utilizando os dados da FGV, foi registrado uma redução nos índices de confiança e de expectativas dos empresários que, entretanto, continuam positivos.
A demanda por produtos do setor continua forte. Os preços dos produtos utilizados pelo segmento prosseguem em alta. O consumo de cimento continua intenso e o seu preço segue elevado O CUB (Custo Unitário Básico), que determina o custo global da obra, obtido por meio de pesquisa junto aos compradores, que no caso são as construtoras, avança também em alta.
Conforme o Banco Central do Brasil, a dinâmica da inflação ficou mais “desafiadora”. Existe uma grande dispersão entre os índices de inflação. A variação de doze meses do IPCA/IBGE situa-se em 8,99%. O IGPDI/FGV em 33,85% e o IPA em 44,25%. O IPA deverá trazer impactos sobre os preços dos produtos situados ao longo da cadeia de produção. O retorno à meta inflacionária de 3,75% com intervalo de tolerância de mais ou menos1,5 ponto porcentual parece se alongar no tempo. Enquanto ocorre o esforço para controlar a inflação, deverão ocorrer as elevações nas taxas de juros dos contratos imobiliários.
Agostinho Celso Pascalicchio, doutor em Ciências; mestre em Teoria Econômica pela University of Illinois at Urbana-Champaingn/USA. Bacharel em Ciências Econômicas (FEA-USP) e professor do curso de Engenharia de Produção na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Leia mais
Vendas de imóveis novos crescem mais de 30% no primeiro semestre, aponta pesquisa da Senior