Resiliência e união diante da catástrofe gaúcha

Na história do Brasil, poucos eventos capturaram a devastação e a resiliência humana como a recente tragédia no Rio Grande do Sul. Diante de uma catástrofe sem precedentes que atingiu 447 dos 497 municípios do estado, a história de como uma comunidade inteira se uniu, com lideranças que surgiram da adversidade, é tanto inspiradora quanto desoladora. Karine de Matos, representante da CSM, Mecan e MTower, foi uma das voluntárias que não só testemunhou, mas também orquestrou esforços de socorro em São Leopoldo e compartilhou conosco uma narrativa que é um verdadeiro testamento da força do espírito humano em tempos de crise.

Os gaúchos estão acostumados a enfrentar as águas dos rios que cercam suas casas, mas nada poderia prepará-los para o que aconteceria em maio último. Karine descreve cenas que parecem tiradas de um filme de ficção. “O dique, que deveria proteger a cidade, rompeu como se uma comporta de hidrelétrica fosse aberta no centro da avenida principal,” conta ela. Em apenas meia hora, as águas engoliram São Leopoldo, deixando milhares isolados em seus apartamentos, enquanto outros tantos buscavam refúgio onde podiam.

O Sindicato dos Metalúrgicos abriu as portas de seu ginásio de esportes e abrigou mais de 900 desabrigados apenas na primeira noite que o dique rompeu. Sem estrutura alguma, as necessidades básicas começaram a se acumular. “Começamos sem colchões, sem roupas, sem cobertores. Tivemos que improvisar em tudo,” relata Karine emocionada. A comunidade local, igrejas e mercados abriram suas portas, qualquer espaço era transformado em abrigo.

Nesse contexto, a ALEC fez um apelo urgente aos seus associados para que se unissem e apoiassem os esforços de Karine. A resposta foi imediata e abrangente, possibilitando a compra de alimentos, roupas, calçados, equipamentos de proteção individual (EPIs) e materiais de limpeza, entre muitos outros itens essenciais. “Essa mobilização foi vital para atender às necessidades imediatas e continuadas dos afetados,” destaca Karine, evidenciando a força da solidariedade no setor.

O voluntariado, segundo Karine, não segue uma lista ou uma coordenação formal. “Você simplesmente chega e faz o que precisa ser feito. É uma dinâmica surpreendente e desafiadora, mas que funciona.” Este espírito de iniciativa e auto-organização foi fundamental para enfrentar cada novo desafio, como a escassez de alimentos que levou Karine a mobilizar recursos através de suas redes sociais, adquirindo inclusive uma máquina de lavar para ajudar com a limpeza das roupas de centenas de famílias, ninguém imagina que isso também é necessário.

O povo de São Leopoldo e regiões afetadas do Rio Grande do Sul continua a mostrar uma resiliência que é raramente vista em face de tal destruição. A história de Karine e os milhares como ela, que abriram suas portas e corações em meio à tragédia, são um lembrete do poder do espírito humano. Enquanto o Rio Grande do Sul se reconstrói, a solidariedade permanece como o alicerce para a recuperação. Com olhares fixos no futuro, a proposta de Karine de “Adotar uma Família” sugere um caminho para a cura e uma nova esperança para aqueles que perderam tudo. A tragédia ensinou que, embora as águas possam subir, o espírito de uma comunidade permanece inabalável, sempre emergindo mais forte das profundezas do desespero.

A reconstrução se faz necessária. E o presidente da ALEC convoca todos os associados, “Se tem uma coisa que nós, locadores, entendemos é de construção e, por isso, a ALEC, propõe que cada locador e fabricante associado à ALEC doe um equipamento para locadores da região que passarão para frente a corrente do bem. Vem com a gente. Ajude-nos a ajudar.” Quem quiser saber mais como ajudar, clique aqui.

Fonte: matéria publicada na edição maio/junho da Revista Rental News

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