Em fevereiro de 2022, as vendas de cimento chegaram a 4,8 milhões de toneladas, segundo apontou o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Este valor representa um aumento de 1,9% em relação ao mesmo período de 2021. Entretanto, mesmo com este leve aumento, o setor mostrou também uma retração de 3,5% no acumulado nos dois primeiros meses do ano, quando comparado a 2021 (que foi de 9,4 milhões de toneladas).
Outro indicador importante mencionado pelo SNIC foi a venda útil por dia. A comercialização chegou a 225,7 mil toneladas, uma diminuição de 3,4% quando comparada ao mês anterior. Em relação ao acumulado do ano, representa uma queda de 7,1%.
Índice de vendas por região
De acordo com o levantamento do SNIC, as regiões Norte e Sul apresentaram índices de vendas bastante positivos. Na região Norte, houve o aumento mais significativo, que foi de 10,5%. Já na região Sul, as vendas cresceram em 4,9%. O Sudeste, por outro lado, sofreu uma queda de 1,4%.
Motivadores e perspectivas de vendas de cimento para 2022
Dentre os fatores favoráveis para este aumento estão a redução da pandemia, a diminuição do desemprego e a continuidade do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda que substituiu o Bolsa Família.
Por outro lado, há aspectos que também trazem um cenário desafiador para o ano de 2022, uma vez que a economia está em recessão técnica. Em primeiro lugar, há a taxa de juros – recentemente a taxa SELIC subiu de 10,75% para 11,75%, algo que impacta os financiamentos imobiliários. Além disso, o poder de compra dos consumidores está diminuindo. “A combinação de renda mais baixa e inflação alta é maléfica para a população, que passa a focar suas despesas em bens essenciais como alimentação e vestuário, sobrando menos dinheiro para outros gastos como construção da casa ou reforma. Embora tenha havido uma leve recuperação do mercado de trabalho, os novos postos estão com salários menores do que antes da pandemia, fazendo o rendimento real atingir o menor patamar da série histórica.”, aponta Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).
Neste sentido, o SNIC aponta que é imprescindível a volta do investimento em infraestrutura e habitação por parte do governo. “Ao longo do ano percebemos uma tímida retomada em obras de infraestrutura, principalmente na região Sul. Aliado com os bons resultados dos leilões de concessões realizados ao longo do ano, a infraestrutura pode recuperar seu importantíssimo papel no desenvolvimento do país. Segundo o Ministério da Infraestrutura, foram realizadas 39 concessões com valor contratado de R$ 37,6 bilhões e a previsão para 2022 é de leiloar mais 50 ativos com mais de R$ 165 bilhões em investimentos”, afirma Penna.
Outro fator que deve ser levado em consideração é o conflito entre Rússia e Ucrânia, que vem aumentando as incertezas no setor de construção civil e também tem impactado no preço das commodities, o que reflete no cimento. “Mesmo antes da guerra, já vivíamos um ritmo de inflação de custos enorme, desde o início da pandemia. O conflito tornou essa situação mais radical, com aumento no preço do coque, do frete marítimo e do carvão. Tudo isso deve influenciar no preço do cimento”, lembra Penna.
Outra medida importante é a busca por energias alternativas. “Em 2020, o custo para produção do cimento era em torno de 60% só de energia. Em 2021, subiu para quase 70%. O preço do carvão, que influencia no coque, que era de US$ 170/t antes da guerra chegou a bater US$ 435 no início/t de março. Portanto, é fundamental buscar soluções alternativas, como a biomassa e os combustíveis derivados de resíduos urbanos”, sugere Penna.
Fonte: www.cimentoitambe.com.br
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