Mulheres na Engenharia geram transformação 

No dia 23 de junho, celebramos o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia. Uma data para fortalecer o espaço que as engenheiras vêm ganhando na profissão, antes majoritariamente ocupada por homens. Preconceito de gênero, salários menores – ainda que mais qualificadas -, e dificuldade em ascender aos cargos de alta liderança são apenas alguns dos obstáculos que muitas das profissionais precisam perpassar em suas carreiras. Uma data, como a de hoje, carrega em si um significado que deve ecoar por toda a sociedade. É para nos lembrar do quanto avançamos e do quanto precisamos avançar em direção a todos os espaços que nos são de direito. As mulheres estarão nas salas de aula, nos canteiros das obras, no campo, nos laboratórios, nos conselhos de classe, enfim, em todos os lugares que quiserem. 

Historicamente, a Engenharia é vista como uma profissão para homens e os números revelam a distância que persiste até hoje, contudo, essa realidade começa a dar sinais de mudança. Se há 40 anos, as mulheres correspondiam a apenas 4% do total de profissionais nas engenharias, atualmente somos 15% de todos os profissionais registrados no Conselho Nacional de Engenharia e Agronomia (Confea). Em São Paulo, não é diferente. Assumimos um compromisso enquanto Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) e o nosso propósito é estimular mais participação das mulheres nas profissões da área tecnológica e no Sistema Confea/Crea. 

Signatário da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), o Crea-SP instituiu o Comitê Gestor do Programa Mulher para cumprir com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 5, que trata sobre a equidade de gênero. Neste sentido, lançamos uma cartilha orientativa para estimular a participação das profissionais nas entidades de classe, e que conta com um diagnóstico sobre a área tecnológica, com recorte de gênero. 

Nosso comprometimento em defesa das mulheres foi comprovado em fevereiro deste ano. Quando em um episódio lamentável, um acidente próximo a uma obra do metrô na Marginal foi relacionado às competências das profissionais mulheres da empresa responsável, o Crea-SP imediatamente repudiou a conduta. Foi a primeira instituição a se posicionar e esse tipo de posicionamento marca um limite: daqui não podemos passar. 

Apesar de existir um avanço cultural e social, ainda precisamos romper diversas barreiras que não existem para os homens em suas carreiras. As mulheres enfrentam tripla jornada, são as mais responsáveis pelo trabalho doméstico e cuidado de terceiros. Essa é uma construção social. 

É por isso que entendo a importância de uma mulher ocupar um cargo como esse, da liderança do maior Conselho profissional da América Latina. Representatividade. É isso que significa. Quando jovens e meninas enxergam uma mulher no exercício da Presidência de um Conselho como o Crea-SP, com uma atuação profissional na engenharia civil, há um impacto. Elas pensam “eu também posso chegar lá”. E é esse tipo de pensamento que devemos encorajar, para que elas saibam que podem e devem ocupar todos os lugares. 

Nossa missão nessa jornada é trabalhar para romper com os estereótipos da mulher na engenharia, dar voz às profissionais e jovens estudantes e incentivar futuras gerações a lutar por um mundo mais justo em termos de igualdade de gênero. 

*Eng. Civ. Lígia Marta Mackey, vice-presidente no exercício da presidência do Crea-SP 

Fonte: Assessoria de Imprensa

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