O otimismo dos empresários em relação ao crescimento da economia do país apresentou ligeira melhora, segundo a 7ª edição do Barômetro da Infraestrutura. O levantamento semestral, feito pela Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib) em parceria com a EY, mede o ânimo em relação às possibilidades de investimento e de desenvolvimento de projetos no setor.
Em outubro de 2021, 16,2% dos entrevistados se disseram otimistas em relação ao crescimento, enquanto 37,7% se mostraram pessimistas. Agora, o grupo de otimistas subiu para 18,7% e o dos pessimistas caiu para 33,6%.
“Mais do que otimismo, a pesquisa parece revelar resiliência do mercado de infraestrutura. Acostumados com constantes desafios, o mercado parece reconhecer que há um esforço sendo feito na Administração Pública, e em especial na União, para criar melhores condições para os investimentos privados e um diálogo mais aberto com as empresas do setor”, afirma Gustavo Gusmão, diretor-executivo para o Setor Público e Infraestrutura da EY Brasil.
“O Barômetro é uma ferramenta importante para orientar a tomada de decisão pelas empresas da área”, completa o presidente-executivo da Abdib, Venilton Tadini.
INVESTIMENTOS
Após apresentar estabilidade nos resultados dos últimos dois períodos, o 1° semestre de 2022 expõe a percepção de um cenário desfavorável para promoção de investimentos nos próximos seis meses, de acordo com a pesquisa. O percentual de respondentes que consideram o cenário para investimentos favorável (36,1% agora, ante 36,5% antes) permaneceu praticamente inalterado. O destaque é para uma variação significativa entre aqueles que, anteriormente, apresentaram um posicionamento neutro (24,9% agora, ante 31,1% antes) e passaram a considerar o cenário de investimentos para os próximos seis meses desfavorável (38,2% agora, ante 32,4% antes).
Entre os setores da infraestrutura que, segundo os entrevistados, deverão receber mais investimentos no período, o saneamento mantém a liderança que já tinha nos números divulgados em outubro – embora um percentual menor de entrevistados tenha apostado em seu crescimento. Em outubro do ano passado, 67,1% acreditavam que o setor receberia investimentos expressivos. Agora, 60,2% têm a mesma percepção.
“Essa é uma tendência que deve ser mantida, uma vez que o marco legal do saneamento impulsionou novos investimentos no setor. As regulações posteriores ao novo marco legal têm funcionado como mecanismo de pressão para que municípios e empresas estatais acelerem seus planos de investimentos, sejam públicos ou privados, até 2033, quando se espera que o país atinja a universalização de serviços de água e esgoto”, afirma o especialista da EY.
Também não houve alterações na segunda e na terceira posições – embora, em ambos os casos, também tenha caído o número de respostas favoráveis. No caso da energia elétrica, a queda foi de 63,5% para 58,1%. Já em ferrovias, que apresentava um índice de 41,9%, o número dos que apostam em investimentos no setor agora foi de 34,4%.
IMPACTOS
Na opinião de 56% dos 241 empresários e executivos de empresas associadas da Abdib que responderam ao questionário (foram 170 no levantamento anterior), o resultado das eleições pode ter uma influência significativa no rumo da agenda de concessões. Na pesquisa divulgada em outubro de 2021, o resultado para essa questão foi de 52,7%.
Em relação ao efeito econômico da guerra entre a Rússia e a Ucrânia sobre os negócios brasileiros de infraestrutura, 56,8% consideram que o impacto será alto – sendo que, nesse universo, 26,1% esperam que as repercussões tenham alta duração e 30,7% imaginam que elas terão curta duração. “Ainda é cedo para dimensionar o impacto da guerra na Ucrânia no cenário de investimentos em infraestrutura no Brasil. A maioria dos entrevistados, porém, parece convergir para uma percepção de um impacto alto, ainda que mais concentrado no curto prazo. A guerra deverá ter impacto relevante na cadeia global de suprimentos bem como na matriz energética, certamente com desdobramentos no Brasil”, avalia Gusmão.
CONTRATAÇÕES
Mais uma vez o cenário para novas contratações no mercado apresenta uma percepção positiva frente às pesquisas anteriores. Houve um crescimento naqueles que identificam uma situação favorável para novas contratações tanto nos mercados onde atuam quanto nas empresas onde trabalham.
Na atual pesquisa, os entrevistados indicaram cenário entre favorável (46,1% ante 44,9% no 2° semestre de 2021) e neutro (34,4% ante 38,3% no 2° semestre de 2021) para novas contratações nos mercados onde atuam. De forma similar, o ritmo de ampliação de contratações permanece entre favorável (45,2% ante 43,1% no 2° semestre de 2021) e neutro (34,0% ante 38,9% no 2° semestre de 2021) para contratações dentro das empresas onde trabalham os respondentes.
Fonte: Agência EY