Enquanto muitos setores da economia sofrem com a falta de vagas de trabalho, na construção civil o cenário é outro. O segmento é um dos que mais empregam no Brasil, sendo uma das bases da economia. Somente no primeiro semestre de 2024, foram gerados mais de 100 mil novos postos.
No entanto, o problema aqui muda de lado: a falta de mão de obra qualificada para as vagas. E eu te confirmo: se você perguntar para 10 construtoras, as 10 dirão que seus desafios passam pela busca de pessoas para o trabalho.
Impactos da falta de mão de obra
A falta de profissionais qualificados nos empreendimentos imobiliários tem um impacto direto tanto no cronograma quanto nos custos das obras. Atrasos são comuns, já que trabalhadores menos preparados tendem a cometer mais erros, resultando em baixa produtividade e retrabalhos. Sem mão de obra capacitada, tarefas simples demoram mais para serem concluídas, o que prolonga o tempo de execução das etapas do projeto.
Além disso, a dificuldade em preencher posições-chave, como mestres de obras, engenheiros, eletricistas e encanadores torna ainda mais difícil manter o andamento das atividades. No aspecto financeiro, o impacto também acontece. A escassez de mão de obra faz com que a oferta de salários mais altos seja uma das únicas estratégias para atrair trabalhadores especializados, o que alavanca custos de folha de pagamento.
Assim, a gestão de obras se torna uma tarefa complexa, exigindo ajustes constantes em cronogramas e orçamentos para tentar compensar os desafios gerados pela falta de mão de obra.
Motivos da falta de mão de obra
Na busca pelos porquês da dificuldade em preencher as vagas, deparamo-nos com alguns pontos importantes. Entre eles, impossível não citar a falta de qualificação. Muitos trabalhadores ingressam no mercado sem o treinamento técnico necessário, o que resulta em uma força de trabalho menos preparada.
Outro ponto que atinge o tendão de Aquiles das empresas construtoras é o desinteresse de parte dos jovens pela área. Com o boom da tecnologia na última década, áreas ligadas a outros setores têm feito os olhos das novas gerações brilharem. Ainda mais se levarmos em conta a exigência física que a atuação em uma obra pede.
Dessa forma, a força de trabalho está envelhecendo — o que aumenta o número de aposentadorias e, consequentemente, faz crescer a demanda por novos profissionais.
Antídotos contra a falta de mão de obra
A primeira coisa que você precisa ter na sua empresa são pessoas capacitadas. Então, a principal estratégia deve ser o investimento em qualificação de quem já veste a camisa da companhia. Abriu uma nova vaga? Pense em quem já faz parte da equipe e pode ser promovido para novos desafios.
Se precisar, contrate treinamentos especializados para o seu time. Isso faz com que os colaboradores se sintam valorizados e, de quebra, tapa possíveis buracos na estrutura organizacional.
Outra alternativa que percebo nas estratégias das companhias do setor é a aposta na mecanização e na industrialização da construção. O uso de componentes pré-fabricados e métodos de construção modular permite que partes da obra sejam executadas em fábricas, onde as condições são controladas e reduzem a necessidade de mão de obra qualificada no canteiro.
Essa é uma opção interessante, porém nem todas as construtoras têm caixa suficiente para aportar nas últimas novidades que aparecem. Nesses casos, o arroz com feijão bem feito funciona. Ou seja, focar em oferecer melhores condições de trabalho, como remunerações competitivas, jornadas mais equilibradas e benefícios trabalhistas, a exemplo de assistência médica e planos de carreira bem estruturados.
A falta de mão de obra qualificada é um desafio digno da perda de sono dos construtores. Mas, assim como todo problema, há uma solução. Não dá para dizer que existe uma única alternativa, mas sim diversas. Por isso, é importante que cada empresa entenda o que faz sentido ou não para colocar em prática dentro da sua forma de trabalhar. Só assim é possível criar um mercado cheio de talentos e com oferta e demanda equilibradas.
Fonte: Eduarda Tolentino é CEO da BRZ Empreendimentos, incorporadora nascida em 2010, em Belo Horizonte. Com inovação em seu DNA, a companhia investe fortemente em ações de tecnologia dentro de seus projetos