Lançamentos e vendas de imóveis sobem 20% no 3º trimestre de 2024

O setor imobiliário brasileiro registrou um desempenho significativo no terceiro trimestre de 2024, com crescimento de 20,1% no número de lançamentos e de 20,8% nas vendas de unidades habitacionais verticais em comparação com o mesmo período de 2023, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (18), pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), durante coletiva on-line. “Esses resultados refletem o esforço do setor em fomentar o mercado habitacional e atender à crescente demanda por moradias, especialmente àquelas de interesse social”, afirma o vice-presidente Financeiro da CBIC, Eduardo Aroeira.

Com o desempenho do terceiro trimestre, a entidade reviu novamente suas projeções de crescimento para o PIB do setor em 2024: a expectativa é fechar o ano com 3,5% de expansão. “A conjuntura tem permitido ao mercado crescer de forma significativa em relação a 2023”, afirma o conselheiro da CBIC e economista Celso Petrucci.

Foram lançadas 95.063 unidades verticais (apartamentos) durante o 3º trimestre nas 221 cidades analisadas (incluindo as 27 capitais e principais regiões metropolitanas) pela CBIC. Já as vendas somaram 105.921 no mesmo período e amostragem – um recorde desde o início do levantamento em 2016.

“Esse crescimento foi impulsionado por ações das empresas do setor e uma conjuntura favorável, como as políticas adotadas em relação ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no âmbito do Minha Casa Minha Vida (MCMV)”, acrescentou Petrucci, referindo-se às adequações realizadas no programa a partir do segundo semestre de 2023.

Valores e resultado acumulados refletem crescimento

De janeiro a setembro de 2024, foram comercializadas 19,7% mais moradias (292.557) e lançadas mais 17,3% unidades residenciais (259.863) em todo o Brasil, comparado com o mesmo intervalo de 2023. Nos últimos 12 meses (outubro de 2023 a setembro de 2024), foram 379.812 unidades vendidas (+16,6%) e 360.771 lançadas (+12,7%).

Com R$ 53 bilhões, o Valor Geral de Lançamentos (VGL) do 3º trimestre de 2024 é 14% maior que o mesmo período de 2023 (R$ 46 bilhões). No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o VGL foi de R$ 146 bilhões, 13,4% a mais que de janeiro a setembro de 2023, com R$ 129 bilhões. Nos últimos 12 meses foram R$ 210 bilhões em lançamentos, alta de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com o montante de R$ 57 bilhões comercializados no 3º trimestre de 2024, o VGV (Valor Global de Vendas) foi 16% maior que no mesmo intervalo de 2023 (R$ 49 bilhões). No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o VGV somou R$ 163 bilhões, 21% a mais que o registrado no mesmo período de 2023, R$ 135 bilhões. No acumulado em 12 meses foram R$ 215 bilhões em vendas, 23% a mais que nos 12 meses anteriores.

Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º Trimestre de 2024, realizada pela CBIC em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. O tema tem interface com o projeto ‘Melhoria da Produtividade, Competitividade e Empregabilidade do Mercado Imobiliário’, da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI). A iniciativa tem patrocínio da Mútua.

Confira a apresentação em vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=3TgeSx6THtc

Confira a íntegra do levantamento:chttps://cbic.org.br/wp-content/uploads/2024/11/indimob3t202418nov2410h.pdf

MCMV foi responsável por 50% dos lançamentos e 44% das vendas no terceiro trimestre

Somente no segmento do MCMV, foram 46.142 unidades vendidas no 3º trimestre de 2024, contra 31.403 no 3º trimestre de 2023 – alta de 46,9% nas 221 cidades pesquisadas. A participação do programa no volume total de vendas passou de 36% terceiro trimestre do ano passado para 44% neste ano.

O MCMV também teve um aumento expressivo, 31,8%, do número de lançamentos no 3º trimestre de 2024 – 47.525 novos imóveis colocados no mercado –, frente ao 3º trimestre de 2023 (36.071 imóveis lançados) – e passou a representar 50% dos lançamentos do mercado no período. No 3º trimestre de 2023 eram 46%.

De janeiro a setembro de 2024, o Programa Minha Casa, Minha Vida registrou um aumento de  58,7% nos lançamentos e 43,6% nas vendas de apartamentos. Nos últimos 12 meses, esses aumentos chegaram a 50% e a 34%, respectivamente.

Apesar do desempenho expressivo, a CBIC alerta para desafios que podem comprometer o ritmo do mercado em 2025. “Entre as principais preocupações estão a manutenção do orçamento do FGTS, já pressionado pela demanda crescente, e o impacto do desequilíbrio fiscal nas taxas de juros, que encarecem o crédito habitacional e os recursos livres para financiamentos”, reforça o vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Ely Wertheim.

Além disso, o aumento nos custos, especialmente com mão de obra, pode reduzir as margens das empresas, enquanto a atratividade da renda fixa afeta o mercado de investidores. “Para sustentar o crescimento, o setor defende medidas estruturais de controle fiscal e políticas que garantam o acesso ao crédito em condições competitivas”, acrescenta o executivo. “A pesquisa mostra uma fotografia positiva, mas temos um cenário desafiador para 2025. Não apenas pelas taxas de juros, mas também pelo funding. Temos um cenário desafiador”, frisou.

“Em termos de recursos, temos garantido no FGTS (volume) idêntico ao de 2023. Se nada acontecer, teremos uma meta física menor no ano que vem, por que haverá um pequeno crescimento dos preços”, aponta Celso Petrucci. Segundo ele, a magnitude do ajuste das contas públicas a ser anunciado pelo governo federal terá impacto relevante sobre o mercado imobiliário no período vindouro. “O anúncio e a credibilidade do governo impactam a taxa de juros futuro, que é o que dita a taxa final do crédito imobiliário. É muito importante que o compromisso fiscal do governo sinalize para o pais a manutenção ou a queda dos juros futuros”.

Construção defende fim do Saque-Aniversário do FGTS

A CBIC, suas associadas e entidades parceiras vêm defendendo o fim do saque-aniversário do FGTS. Em um manifesto divulgado na última quinta-feira (14), que engaja um total de 140 organizações representativas, argumentam que essa modalidade, implementada com o intuito de facilitar o acesso dos trabalhadores ao FGTS e estimular o consumo, tem gerado mais prejuízos do que benefícios no longo prazo.

Desde a criação do saque-aniversário, em 2019, o FGTS já perdeu mais de R$ 121 bilhões, montante que poderia ter viabilizado a construção de cerca de 580 mil novas moradias populares e a geração de aproximadamente 1,5 milhão de empregos. “Estamos falando de um recurso que poderia transformar o cenário habitacional do país e impulsionar o mercado de trabalho”, destaca Ely Wertheim.

As entidades apontam que a população mais necessitada é a mais afetada. Aproximadamente 70% dos compradores do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) ganham até 10 salários-mínimos, e muitos desses dependem do saldo do FGTS como entrada para o financiamento de imóveis. Em 2020, 73% desses compradores usaram o FGTS para a compra da casa própria. No entanto, com o saque-aniversário, esse acesso ao saldo é comprometido, e o número de famílias que conseguem realizar o sonho da casa própria caiu em torno de 30%.

Outro ponto levantado é o impacto financeiro para o trabalhador que opta pelo saque-aniversário e precisa de crédito. Em empréstimos de cinco anos no valor de R$ 10 mil, por exemplo, o trabalhador recebe cerca de R$ 5,4 mil antecipadamente, enquanto o restante é retido para o pagamento de juros.

As entidades também se posicionaram quanto ao consignado E-social, afirmando que, se bem calibrada, essa modalidade poderia preservar a capacidade do FGTS de investir em habitação, saneamento e infraestrutura sem prejudicar o trabalhador.

Para a CBIC, Abrainc, Secovi-SP e Sinduscon-SP, que lideram o manifesto, o saque-aniversário representa uma solução de curto prazo com graves consequências futuras, restringindo o acesso à habitação e colocando em risco a segurança financeira dos trabalhadores. O manifesto reforça o pedido para que o governo reavalie a modalidade, buscando preservar o FGTS como um instrumento de desenvolvimento habitacional e social.

Fonte: CBIC

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