A inflação oficial no Brasil, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou queda de 0,08% em junho, o primeiro recuo registrado em 2023. De acordo com a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, a última vez que o IPCA registrou queda mensal foi em setembro do ano passado. “Outra boa notícia: a variação foi a menor para um mês de junho dos últimos seis anos”, lembrou.
O IPCA acumulou alta de 2,87% no primeiro semestre. Já no acumulado de 12 meses o indicador registrou elevação de 3,16%, a menor variação para esse período desde setembro/20 (3,14%). “Em junho de 2022 o acumulado de 12 meses do IPCA foi de 11,89%. Portanto, observa-se uma forte desaceleração da inflação do país”, destaca Ieda.
Para a economista, os resultados do IPCA fortalecem a expectativa para a redução da taxa Selic, que desde agosto do ano passado está no maior patamar desde o final de 2016: 13,75%. “O cenário atual contribui para o fim deste ciclo de aperto monetário. A inflação em queda, a redução das incertezas com o arcabouço fiscal e as expectativas mais positivas com a aprovação da reforma tributária no Congresso são alguns fatores que fortalecem o otimismo para a redução dos juros a partir de agosto”, afirmou.
A queda registrada nos grupos alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%) contribuíram especialmente para o resultado do IPCA em junho, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentro do grupo alimentação e bebidas, a redução nos preços da alimentação no domicílio (-1,07%) ajuda a explicar o resultado. Contribuíram para isso os recuos nos preços do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%).
Já a queda registrada no grupo transportes aconteceu em função da redução nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%). Além disso, é preciso destacar o recuo nos preços dos combustíveis (-1,85%), que aconteceu em função da redução do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%).
Ieda Vasconcelos alertou que o retorno da cobrança integral de tributos federais sobre os combustíveis deve pressionar o IPCA no próximo mês. Para ela, é preciso considerar que no acumulado 12 meses começará a sair da base de cálculo as deflações observadas no início do segundo semestre de 2022, em função da redução dos tributos nos preços dos combustíveis. “Assim, apesar de o resultado acumulado do IPCA, em 12 meses finalizados em junho/23, ser de 3,16%, as projeções realizadas pela pesquisa Focus, do Banco Central, sinalizam que o indicador encerrará 2023 em 4,95%. Caso confirmado o resultado será́ superior ao teto da meta inflacionária (4,75%). Entretanto, é importante ressaltar que há oito semanas consecutivas as projeções para inflação no país vêm sendo reduzidas”, concluiu.
Confira na íntegra a análise da economista da CBIC, Ieda Vasconcelos.
A ação integra o projeto “Inteligência Setorial Estratégica”, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
Fonte: CBIC