A construção civil é o segundo maior gerador de empregos formais no Brasil, superado apenas pelo setor de serviços. Somente no estado de São Paulo, o setor da construção civil tem 1.708 Médias Empresas. As empresas do setor representam 21,1% de todas as indústrias de médio porte do estado e 31,41% dos empregos gerados por indústrias de médio porte no estado de São Paulo. O Centro de Inteligência de Médias Empresas da Fundação Dom Cabral (FDC) desenvolveu o Guia para reunir informações e insights sobre os fatores que impactam a competitividade e performance das médias empresas do setor de construção civil, que têm entre 50 e 499 funcionários. Além de mapear a indústria, o estudo lista desafios operacionais, comportamentos no estado, tendências e aponta recomendações para as médias empresas paulistanas do segmento.
De acordo com as análises apresentadas no Guia, as expectativas para o setor em 2024 são animadoras, devido aos custos da construção contidos e ao aumento da demanda, com destaque para o segmento de baixa renda por meio do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
Por outro lado, o estudo aponta que para mais aproveitamento dessa janela de oportunidade, o setor da construção civil necessita avançar em ganhos de produtividade do trabalho e em inovação em processos. Também é necessário dar maior atenção à gestão dos custos operacionais e à capacitação dos colaboradores.
“É importante ressaltar que as médias empresas do setor do estado de São Paulo são mais imaturas que as demais empresas do setor industrial no Brasil. Isso diz respeito à dimensão da gestão, que traz maior eficiência e produtividade, tais como gestão de pessoas, treinamento e desenvolvimento dos funcionários, inovação em processos e transformação digital”, explica Áurea Puga, professora da Fundação Dom Cabral e líder do grupo de especialistas que preparou o Guia.
Contudo, um cenário de oscilação de demanda e custos, requer maturidade nos processos de gestão. “Também é preocupante o baixo investimento em processos que diferenciam suas ofertas, como atendimento ao mercado de nichos ou a imaturidade em processos que tornam essas empresas mais orientadas para o mercado e para o futuro, como adaptabilidade e gestão comercial e marketing”, aponta a especialista.
Expectativas
De acordo com levantamento feito pela Plataforma de Forecasting do Núcleo de Inovação da FDC, entre 2023 e 2026, estima-se que as taxas de crescimento de São Paulo vão superar as taxas nacionais. Com relação à receita bruta, a análise indica redução nas margens de lucro das médias empresas, em 2023, no estado, porém com forte recuperação em 2024. A elevação nos custos de produção, embora esteja projetada para fechar em alta de somente 2,2%, não será acompanhada pelo aumento da receita, razão para a redução das margens em 2023 e 2025.
Em 2025, há expectativa de um aumento de custos em torno de 3,17%, em relação a 2024, e queda significativa da receita bruta de -6,41%. “Dessa forma, haverá necessidade de esforços de iniciativas governamentais, em busca de apoiar o aumento da demanda e consequentemente da receita bruta, bem como de esforços das empresas do setor para reduzir custos, encontrando opções mais econômicas e duradouras que não comprometam a qualidade das construções”, comenta Áurea Puga.
Longevidade
As médias empresas da construção civil do estado de São Paulo são longevas, uma vez que 56% delas têm mais de 26 anos.
Lista de priorizações
- Amadurecimento do processo de gestão estratégica, visando a orientações ao negócio e a investimentos mais assertivos;
- Implementação de ações para redução de custos, objetivando recuperar a margem de lucros, diante da janela de oportunidade que se aproxima;
- Investimento em gestão de custos e controle fino das margens de lucro;
- Foco em tecnologias que aumentam a produtividade, que poupam mão de obra e que também combatem desperdícios de matéria-prima;
- Investimento em transformação digital em busca de maior assertividade no planejamento e em gestão das obras;
- Adoção de programas abrangentes de gerenciamento de mudanças, estruturas organizacionais flexíveis e métodos de trabalho ágeis para reagir mais rapidamente às mudanças nas condições do mercado;
- Revisão dos portfólios de produtos existentes e abraçar novas oportunidades e segmentos de negócios;
- Amadurecimento de processos relevantes para melhores resultados no curto e longo prazos, tais como gestão de pessoas (treinamento e desenvolvimento dos colaboradores), inovação em processos e transformação digital. Devem ter prioridade também processos que tornam as empresas mais orientadas para o mercado e para o futuro, como adaptabilidade e gestão comercial e marketing;
- Investimento em processos diferenciadores das suas ofertas, como atendimento ao mercado de nichos. Neste cenário desafiador, as médias empresas da indústria da construção civil de São Paulo são convidadas a expandir horizontes, adotar estratégias visionárias e aproveitar o potencial de inovação para prosperar em um mundo que está em constante transformação.
Confira o Guia no portal do Centro de Inteligência de Médias Empresas da Fundação Dom Cabral.
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