ABSOLAR prevê que 2023 poderá trazer novos recordes para o setor fotovoltaico brasileiro

A série especial Perspectivas 2023 abordou em 22/12 os resultados e as projeções do setor fotovoltaico do Brasil. Para isso, nosso convidado de hoje é o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia. Ele projeta que 2022 deverá superar 2021 e se tornar o melhor ano no histórico de crescimento do setor no Brasil. Já para o próximo ano, Sauaia vê espaço para novos recordes. “As projeções da ABSOLAR apontam que, somente em 2023, a fonte solar fotovoltaica deverá gerar mais de 300 mil novos empregos, espalhados por todas as regiões do País. Segundo a avaliação da entidade, os novos investimentos privados no setor poderão ultrapassar a cifra de R$ 50 bilhões em 2023”, projetou. Ainda assim, o presidente da associação diz que nosso país está atrasado em comparação com outras nações no que diz respeito ao uso da energia solar. Para mudar esse quadro, Sauaia sugere uma série de medidas que envolvem suporte e planejamento para a implementação da tecnologia, políticas públicas, incentivos e programas para o setor.

Como a sua associação atuou em 2022? Os resultados foram positivos? Como os negócios transcorreram?

A ABSOLAR foi fundada em 2013 e é a associação que representa todos os elos da cadeia de valor do setor solar fotovoltaico no Brasil. Possui hoje centenas de empresas associadas e tem como foco principal ser a voz e o rosto representando o setor solar fotovoltaico no Brasil. Também tem o papel de fazer o acompanhamento e monitoramento do mercado, das oportunidades, dos números e dados do setor.

Assim como tem feito desde sua fundação, a ABSOLAR trabalhou em 2022 em prol do desenvolvimento e crescimento da fonte solar fotovoltaica no País, com excelentes resultados no período. Nosso trabalho está concentrado em promover e divulgar a utilização desta tecnologia limpa, renovável, acessível e competitiva, bem como de outras tecnologias sinérgicas e estratégicas ao setor solar, como armazenamento de energia elétrica e hidrogênio verde.

A ABSOLAR trabalhou pelo aprimoramento dos parâmetros técnicos, regulatórios e tributários aplicados ao setor, em âmbitos federal, estadual e municipal. A agenda da ABSOLAR contemplou eventos nacionais e internacionais, reuniões junto aos principais tomadores de decisão dos Poderes Executivo e Legislativo, como Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério da Economia (ME), Ministério do Meio Ambiente (MMA), CNPE, ANEEL, ONS, EPE, CCEE entre outros.

Os resultados, no geral, foram bastante positivos, e a ABSOLAR projeta que 2022 deverá superar o ano de 2021 e se tornar o melhor ano no histórico de crescimento do setor no Brasil, com espaço para novos recordes em 2023.

O que espera para 2023? Quais são as perspectivas para o ano que vem?

As projeções da ABSOLAR apontam que, somente em 2023, a fonte solar fotovoltaica deverá gerar mais de 300 mil novos empregos, espalhados por todas as regiões do País. Segundo a avaliação da entidade, os novos investimentos privados no setor poderão ultrapassar a cifra de R$ 50 bilhões em 2023, somando as usinas de grande porte e os pequenos sistemas em telhados, fachadas e pequenos terrenos.

Em 2023 serão adicionados mais de 10 gigawatts (GW) de potência instalada, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica. A fonte solar deve atingir uma potência operacional instalada de 34 GW no próximo ano, sendo 21,6 GW provenientes da geração própria de energia solar e 12,4 GW de grandes usinas centralizadas.

As perspectivas para o setor são de chegar ao final de 2023 com um acumulado de cerca de 1 milhão de empregos no Brasil desde 2012, distribuídos entre todos os elos produtivos do setor. Os investimentos totais devem chegar a R$ 170,9 bilhões, com mais de R$ 53,8 bilhões em arrecadação de tributos públicos.

Este crescimento consistente da energia solar em 2023 é impulsionado pelo alto custo na conta de luz e pelos benefícios proporcionados pela fonte a todos os consumidores brasileiros. A tecnologia fotovoltaica tem se popularizado cada vez no País, atingindo todas as classes de consumo e trazendo um efeito multiplicador positivo para a sociedade brasileira.

Atualmente, a solar é a fonte renovável mais competitiva do País e uma verdadeira alavanca para o desenvolvimento social, econômico e ambiental, com geração de emprego e renda, atração de investimentos, diversificação da matriz elétrica e benefícios sistêmicos para todos os cidadãos. O Brasil tem tudo a ganhar com a fonte e está avançando para se tornar uma grande liderança mundial neste setor, cada vez mais estratégico no mundo.

Quais as sugestões que daria aos governantes para que os negócios prosperem ainda mais?

Atualmente, o Brasil ainda está atrasado em comparação a outros países no uso da energia solar. Em uma comparação com outras fontes e tecnologias renováveis, o Brasil é referência mundial. É o terceiro país do mundo com maior capacidade instalada, somando todas as fontes renováveis, e o segundo maior em hidrelétricas e em biomassa. O sexto maior em energia eólica. Porém, na energia solar, ainda estamos em 13º no ranking mundial, atrás de países que têm um recurso solar muito inferior e muito menos área disponível, como Alemanha, Japão e Reino Unido.

Um dos principais motivos para esse atraso é justamente a falta de suporte e planejamento para a implementação da tecnologia, de políticas públicas, incentivos e programas para o setor.

A energia solar encontra alguns desafios que precisam ser superados. Um deles é a limitação na capacidade de escoamento das linhas de transmissão. Há uma falta de linhas suficientes para escoar toda a energia produzida no Nordeste, por exemplo, para as demais regiões do Brasil. Isso tem feito com que o Brasil esteja desperdiçando, jogando fora um pedaço da energia solar, eólica e até mesmo das hidrelétricas. É fundamental acelerar e ampliar a capacidade de transmissão do país para remover esse gargalo, que já está sendo sentido pelo mercado e pelo setor.

Além disso, é fundamental uma solução regulatória para repor os investimentos dos empreendedores quando essa energia é desperdiçada, de tal modo que eles sejam remunerados pela energia que efetivamente geraram. Eles não podem ser culpabilizados por um problema que não está na alçada de decisão deles.

Outro ponto importante é a necessidade de aproveitar melhor o recurso solar, com um volume maior de contratação nos leilões públicos. A gente percebe que hoje os leilões acabam tendo uma contratação muito aquém das expectativas do mercado no volume de energia solar comprado pelo governo, apesar de ser uma das fontes mais competitivas. Para ter uma ideia, dos últimos seis leilões de energia feitos no Brasil, em cinco deles a energia solar teve o menor preço médio de venda. Era de se esperar que o governo estivesse priorizando comprar essa energia limpa, barata e de rápida implementação. As usinas ficam prontas em um prazo menor do que a média dos outros empreendimentos. Portanto, é preciso revisar esse planejamento.

Também temos visto cada vez mais interesse dos gestores públicos em instalar energia solar. Isso vale para os municípios, mas também para os estados e até mesmo órgãos da administração federal, legislativo e judiciário. Além da economia que a energia solar pode trazer de imediato, ajudando a liberar orçamento para outras atividades e investimentos importantes, é também uma forma do governo mostrar a sua liderança na área da sustentabilidade, o seu compromisso com o meio ambiente. E uma forma de incorporar uma tecnologia que gera um volume importante de postos de trabalho, de empregos locais.

Portanto, ajuda a aquecer a economia do município, do estado, da região. Por isso, nós temos visto cada vez mais estados e municípios desenvolverem os seus programas de energia solar, como é caso do Goiás Solar, Palmas Solar, Salvador Solar, entre outros. A ABSOLAR apoiou o desenvolvimento desses programas e estamos à disposição para apoiar o governo federal e outros estados, capitais, municípios interessados em adotar a energia solar como parte da solução para os seus desafios.

Além disso, novas oportunidades podem ser vistas como a produção de hidrogênio verde, por meio da eletrólise utilizando energia elétrica renovável, especialmente solar e eólica, que são as mais competitivas. Outra grande oportunidade está no desenvolvimento de programas, regulamentações, reduções tributárias e incentivos aos sistemas de armazenamento de energia elétrica, as baterias que podem ser instaladas em edificações ou junto às usinas de geração.

Fonte: Petronotícias

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