Dois a cada três brasileiros não voltariam a fazer negócio com uma companhia que tenham seus dados vazados. O levantamento de uma empresa especializada em proteção cibernética revelou ainda que 85% dos entrevistados não confiam naquelas empresas com histórico relacionados a esses tipos de incidentes. Outros 22,81% responderam que só seriam clientes novamente caso não tivessem outra opção. E apenas 3,99% disseram que retornariam a fazer normalmente.
Consuelo Rodrigues, membro da Associação Nacional de Profissionais de Privacidade de Dados, destaca a necessidade de haver transparência. “Nenhuma empresa está ilesa a um ataque. Mas o comportamento dela após um vazamento vai impactar na credibilidade dos seus consumidores ou clientes. Um exemplo, empresas que rapidamente detectam, comunicam e que assessoram as pessoas que foram impactadas num vazamento de dados. A probabilidade da pessoa voltar, continuar confiando, é maior”, explica.
Outro dado relevante é que 74% das pessoas se sentem mais seguras em se cadastrar ou passar a ser cliente daquelas empresas que garantam a proteção. Quem quiser ampliar seu espaço no mercado terá que adotar medidas de segurança a fim de blindar os dados de seus consumidores. Emílio Simone, executivo chefe de segurança cibernética, destaca que todo cuidado é pouco porque, hoje em dia, há uma expressiva exposição. “Hoje, com a tecnologia, a gente tem muitos vetores e uma superfície de ataque muito grande. Tem serviços de rede de fraude, de compartilhamento de dados, é celular, é desktop, é tablet, então uma superfície de exposição é muito grande. O trabalho das empresas com relação à segurança acaba sendo muito maior. E qualquer deslize acaba causando vício problema de dados vazados”, diz.
Simone ressalta que o Brasil ainda tem muito a avançar. “Baseado no que a gente vê em outros países, onde qualquer indício de um incidente de segurança, tem um comunicado para os clientes, tem investigação, tem a confirmação, caso seja confirmado, tem a notificação, então o Brasil ele está um pouco atrás com relação a transparência. A gente não vê o mesmo posicionamento de empresas brasileiras que a gente tem visto no resto do mundo”, diz.
Os danos com os dados vazados são consideráveis. Consuelo Rodrigues enumera os prejuízos. “No Brasil, a média é US$ 1 milhão. A gente está falando de R$ 5 milhões. Porque não é só o valor e as vezes as informações que saíram. É todo o custo que envolve desde conter o vazamento, identificar e conter, toda a notificação que tem que ser feita, todos os técnicos envolvidos em comunicar pessoas que podem ter sido atingidas ou até órgãos reguladores e os custos pós, que podem ser principalmente custos de processos jurídicos”, diz ela.
O que chama atenção é que pouca gente fica sabendo que teve seus dados pessoais vazados. A pesquisa indica que apenas 12,15% tem ciência de que foram alvo, tendo suas informações expostas. Do percentual que revelou ficar a par do vazamento, 39,10% destacam ter descoberto através de tentativas de golpes; outros 20,86% receberam notificação da própria empresa; já 19,17% foram avisados ao realizar um login em alguma plataforma.
*Com informações do repórter Daniel Lian
Fonte: Jovem Pan
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