A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) anunciou a previsão de crescimento de 2,5% para 2023. Este resultado veio após um ritmo de três anos consecutivos de expansão acima da economia nacional.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, avaliou este índice como positivo e declarou que, nos próximos anos, os investimentos no setor devem passar pela infraestrutura.
Entretanto, Martins ponderou que, embora a perspectiva seja positiva, o crescimento ainda continua 19,6% abaixo do que a atividade já proporcionou. O maior desempenho já registrado foi no início de 2014, segundo a CBIC.
Desempenho 2022 x 2023
Durante o último biênio (2021/2022), a construção civil cresceu 17,7% ante 8,2% da economia nacional. Só nos 12 meses, encerrados em setembro deste ano, a construção cresceu 8,8%, informou a CBIC.
Entretanto, ao avaliar o desempenho da construção neste ano e as perspectivas para 2023, Martins ressaltou a necessidade de aumentar a participação da construção civil no PIB nacional. Segundo o presidente da CBIC, esta seria uma maneira do país crescer de forma mais sustentada. “A participação do PIB da construção vem diminuindo nos últimos anos. Em 2012, era de 6,5% no PIB total do país. Em 2021, o percentual foi de 3,3%. Nos países desenvolvidos, essa participação é em torno de 7%”, destacou.
Na opinião de Martins, para que o país realmente cresça e tenha desenvolvimento social e humano, é necessário investimento para gerar resultado futuro para as pessoas.
“É prioritário que o nosso setor seja mais produtivo, que a competitividade setorial aumente e, para isso, é preciso desenvolvimento tecnológico. Para ter desenvolvimento tecnológico, é preciso capacitar, inovar e incorporar muita tecnologia de gestão”, afirmou.
PIB da construção civil
De acordo com a CBIC, no fechamento de 2022, o setor deverá registrar incremento de 7% em seu PIB, superando a projeção anterior de 6%. Ainda, os números mostram que a atividade do setor encerrou o terceiro trimestre do ano e está em patamar 16,4% superior ao período pré-pandemia, considerando o quarto trimestre de 2019.
Novas vagas de trabalho
Entre janeiro de 2021 e outubro de 2022, o setor da construção civil gerou mais de meio milhão de empregos com carteira assinada. Só nos primeiros dez meses deste ano, foram mais de 288 mil vagas formais. O número de trabalhadores na construção supera 2,5 milhões, retornando ao patamar de 2015, considerando os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho.
Crescimento de novas obras e projetos
Um outro levantamento, realizado pela plataforma de Big Data Prospecta Analytica, chegou a apontar que o aumento de novas obras ou projetos ao longo do ano foi 3% a mais que em 2021. Para 2023, a expectativa é que se mantenha a crescente, chegando a 4,5%.
Para Wanderson Leite, CEO e fundador da Prospecta Analytica, a estabilização dos custos dos materiais básicos de construção pode ter auxiliado no crescimento visto este ano.
Desde junho de 2022 foi possível observar uma desaceleração das elevações do custo da construção, que se justifica pela menor variação do custo com materiais, segundo dados da CBIC. Entre julho/20 e maio/22, este insumo havia aumentado 91,6%. E de junho/22 até novembro/22 houve uma queda de 7,32%. Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, lembra que em maio de 2022 houve a redução da alíquota de importação de 10,8% para 4%.
Outro fator que teria ajudado a manter os resultados, mesmo durante a pandemia, foram as reformas. “Percebemos que houve um aumento de 28% no número total de reformas, o que foi o maior crescimento dos últimos 15 anos. Isso aconteceu devido ao fato de que as pessoas começaram a trabalhar em casa e a ficar mais em suas residências. Muitas pessoas fizeram reformas para transformar um espaço em home office ou área de lazer, já que os lugares estavam fechados e as casas se tornaram sinônimo de moradia e lazer. Para os grandes magazines e home-centers, o maior público de vendas foi o de reformas”, explica Leite.
Leite aponta que o maior crescimento da venda de imóveis foi no segmento residencial AB – com construções acima de 200 m², conhecidos como médio-alto padrão. “Houve uma estagnação de projetos e obras de dois anos. As pessoas compraram terrenos, fizeram projetos, mas pararam em 2021 e não construíram com medo da pandemia. Em 2022 voltou forte, principalmente com a estabilidade dos juros e dos materiais de construção. Como os juros caíram bastante, as pessoas conseguiram fazer empréstimos e, com isso, ter dinheiro para a construção”, pontua Leite.
Fonte: Cimento Itambé
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