As vendas de cimento registraram ligeira queda de 0,3% em novembro, em relação ao mesmo mês de 2023, totalizando 5,4 milhões de toneladas, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento – SNIC. No acumulado do ano (janeiro a novembro), os números foram positivos, alcançando 60 milhões de toneladas, aumento de 4,0% comparado a igual período do ano passado. Ao se analisar a comercialização por dia útil em novembro de 255 mil toneladas, as vendas também são crescentes com acréscimo de 5,5% sobre outubro deste ano e de 4,6% ante novembro de 2023.
O desempenho é atribuído a melhora continua do mercado de trabalho e renda da população, com a massa salarial atingindo o recorde da série histórica. A confiança do consumidor1 voltou a subir em novembro, retomando a trajetória de alta iniciada em junho.
O aquecimento do mercado imobiliário, importante indutor no consumo de cimento, seguiu em expansão no terceiro trimestre2, puxado pelo desempenho do programa Minha Casa, Minha Vida, responsável por 50% dos lançamentos e 44% das vendas no período. A comercialização de materiais de construção3 e financiamento imobiliário também seguem em alta.
No entanto, apesar do Brasil ter atingido o menor nível de desemprego da história em outubro, de acordo com o IBGE, o setor da construção civil vem encontrando dificuldade em preencher as vagas disponíveis. A escassez de mão de obra e o alto custo de contratação tem elevado salários, pressionado a inflação, com reflexos nos preços dos imóveis e na alta do INCC. Somados com o novo ciclo expansionista da Selic, a confiança da construção4 caiu em novembro para o menor nível desde abril de 2024.
Na mesma direção, a confiança da indústria5 também recuou pela terceira vez consecutiva em novembro, registrando a quarta queda do ano, devido à piora tanto na percepção do setor sobre a situação atual quanto nas expectativas para os próximos meses, influenciada pelo novo ciclo de alta na taxa de juros e a questão fiscal.
A Selic em elevação aumenta a competição entre os ativos financeiros e os imobiliários, além de tornar o financiamento mais oneroso para o tomador de empréstimo, impactando diretamente o mercado imobiliário.
Com os recursos disponíveis para o financiamento pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo cada vez mais restritos, acende a necessidade de ampliar outras formas de funding para o crédito imobiliário, que possam atender à crescente demanda por habitação.
No cenário externo, a escalada do dólar gera incertezas para os próximos meses, gerando inflação e colocando pressão nos juros. No setor de cimento, o câmbio elevado traz uma preocupação com relação à aumento de custos de produção, principalmente do coque de petróleo, matéria-prima essencial na geração de energia no processo produtivo.
Para minimizar os impactos ambientais e a pressão dos preços do cimento, o uso de combustíveis alternativos nunca foi tão necessário. Nesse sentido, o setor tem investido e ampliado fortemente as tecnologias como o coprocessamento.
A atividade responsável pela transição energética, substitui o combustível fóssil por resíduo industrial, comercial, doméstico e biomassas. O coprocessamento alcançou em 2022, 30% de participação na matriz energética do setor, antecipando a meta prevista para 2025, o que mostra a disposição da indústria em avançar cada vez mais nessa agenda.
Foram mais de 3,035 milhões de toneladas de resíduos processados, a maior marca da série histórica. A tecnologia evitou a emissão de quase 3 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera em relação aos métodos mais tradicionais de produção, que envolvem o uso do coque de petróleo como combustível.
“A indústria brasileira do cimento comemora a aprovação do mercado regulado de carbono no Brasil. O setor realiza há trinta anos esforços significativos para reduzir suas emissões. Tais ações, ao mesmo tempo que nos posicionaram como uma das referências mundiais em baixa emissão de CO2, criam desafios ainda maiores comparativamente àqueles países que pouco ou nada fizeram. Esses esforços precisam ser reconhecidos, para não penalizar justamente aqueles que mais fizeram até agora.”
Paulo Camillo Penna – Presidente do SNIC
INFORMAÇÕES DETALHADAS
TABELA
GRÁFICO
FONTES:
1. Índice de confiança do consumidor (FGV)
2. CBIC
3. ABRAMAT
4. Índice de confiança da construção (FGV)
5. Índice de confiança da indústria
Fonte: Assessoria de Imprensa
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