Os investimentos bilionários contratados nos setores de infraestrutura e habitação – por meio de concessões, PPPs e do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) -, da ordem R$ 663,6 bilhões, devem movimentar R$ 132 bilhões adicionais na cadeia da construção civil nos próximos anos. Juntos, esses valores totalizam R$ 796,4 bilhões – o equivalente ao PIB do Equador e da Bolívia juntos e ao PIB da região Centro-Oeste. Todo esse aporte tem ainda o potencial de geração de 2,3 milhões de empregos por ano. É o que revela o estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
O levantamento calculou os efeitos diretos e indiretos sobre a economia tendo como base os aportes de R$ 346,9 bilhões previstos no setor de infraestrutura e R$ 316,7 bilhões no setor de habitação até 2026, que juntos somam R$ 663,6 bilhões. O cálculo considera projetos de concessões, parcerias público-privadas e obras públicas em níveis federal e estadual, incluindo o novo PAC.
O estudo foi antecipado ao GLOBO e será divulgado na terça-feira no Rio Construção Summit, primeiro evento do setor da construção que acontecerá entre os dias 19 e 21, no Armazém 3 do Píer Mauá, região portuária do Rio.
Organizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (SindusconRio) em parceria com a Firjan, o encontro já possui mais de 7 mil inscritos entre empresários, profissionais de engenharia e arquitetura, representantes do poder público e estudantes.
Efeito em cadeia
Do total de R$ 132 bilhões que virão a reboque na economia, cerca de 21% (ou R$ 28,5 bilhões) dos recursos devem se concentrar no setor de minerais não metálicos. Em seguida aparece o setor de metalurgia (R$ 18,3 bi, ou 13,8%) como o segundo a ser mais impactado. Outros setores importantes para o crescimento econômico também devem ganhar tração a partir dos investimentos previstos, como o setor de serviços (R$ 11,2 bi ou 8,4%), comércio (R$ 10,5 bi ou 7,9%) e a própria construção (R$ 10,4 bi ou 7,9% do total).
A pesquisa também estimou o impacto dos investimentos já contratados sobre a geração de emprego, e a expectativa é que sejam criados por ano mais de 2,3 milhões de oportunidades (ou 2.375.941, especialmente) em toda a economia.
Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan, ressalta que a indústria da construção civil é grande indutora de emprego e renda. Por isso, os projetos em infraestrutura e habitação tendem a alavancar diferentes modalidades de emprego neste segmento – desde contratações mais simples, que exigem baixa qualificação, até postos mais complexos nas áreas de engenharia civil e arquitetura, por exemplo.
— Isso se espalha por toda a cadeia da construção. E essa indústria tem um papel importante não só pelo crescimento que gera para o país, mas também pelo emprego e renda gerado e o que ela entrega de melhoria na infraestrutura do país. Estamos falando de projetos que visam reduzir o déficit habitacional e melhorar os transportes… Isso tem benefícios para a sociedade — afirma Goulart.
Retomada da indústria da construção
Os investimentos previstos em infraestrutura e o seu potencial de incremento adicional bilionário na economia sinalizam o início de uma retomada do setor da construção civil no país, avalia Marcelo Kaiuca, presidente do Fórum de Construção Civil da Firjan.
O setor chegou a apresentar avanços entre 2020 e 2022 por conta dos juros baixos, mas hoje enfrenta uma Selic elevada e uma demanda mais fraca. Além disso, não se recuperou da crise econômica que atingiu o país em 2015:
— A construção já retomou o patamar pré-pandemia, mas ainda tem um espaço grande para voltar ao nível de 2014. Estamos quase 20% abaixo desse patamar. Estamos com uma expectativa muito grande para esse ano, com uma atividade que cresceu acima do esperado e com o lançamento do PAC 3.
Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios
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