Diante da necessidade de reduzir o déficit habitacional de quase 7 milhões de moradias no Brasil, a industrialização do setor da construção foi apontada como ferramenta para contribuir com a resolução deste gargalo do país. O tema foi destaque durante encontro entre a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Caixa Econômica Federal e a Secretaria Nacional de Habitação (SNH), nesta terça-feira (4), em Brasília.
A partir da retomada do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), a quantidade de unidades previstas para minimizar a realidade de moradias no país nos próximos 20 anos, cerca de um milhão de habitações por ano, segundo a vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães, acendeu o alerta para a necessidade de uma maior escala de produção.
“Nós ainda não conseguimos avançar muito na industrialização do setor da construção. O crescimento em unidades é um processo intenso que precisa evoluir, e a industrialização pode conduzir isso”, apontou. Inês destacou que há expectativa de que a Reforma Tributária, em tramitação no Congresso Nacional, beneficie a pauta.
O presidente da CBIC, Renato Correia, apontou a relação da industrialização do setor com a necessidade de ampliação nos investimentos e de capacitação. “A nossa mão de obra tem diminuído, é preciso investir também na profissionalização”, enfatizou.
Para Correia, a habitação é a porta de entrada de todos os outros direitos do cidadão e o setor está atento à necessidade de industrialização dos processos, não apenas para a modernização dos procedimentos, mas para garantir um melhor ambiente de trabalho aos profissionais. “O ambiente de trabalho precisa ser mais atrativo, mais acolhedor, para que o funcionário da construção tenha orgulho e queira estar conosco”, disse.
A vice-presidente da Caixa apontou que a retomada do MCMV trouxe desafios importantes como o equilíbrio entre o acesso da população de baixa renda, em paralelo ao acesso da classe média ao programa. A segmentação foi vista pela entidade como essencial. “É preciso olhar para o déficit e formatar produtos direcionados para condições de renda para cada público, e podemos alcançar isso com informação, tecnologia e parceria”, reforçou Inês.
Ela ainda abordou a retomada do Faixa 1, que reforça a importância do programa. “Parte da população brasileira não tem acesso ao crédito e tem dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. É fundamental que as condições do Faixa 1 sejam utilizadas, predominantemente, pela população de maior vulnerabilidade”, apontou. Segundo Inês, a Caixa começa a aplicar as novas regras do programa, a partir desta sexta-feira (7).
Clausens Duarte, presidente da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC, destacou que o atendimento direcionado à baixa renda é essencial, pois essa é a população com maior concentração no déficit habitacional. “Precisamos olhar para o déficit habitacional do país. A construção tem o compromisso, a dedicação e o empenho para combater essa chaga social. O Censo, divulgado pelo IBGE na última semana, trouxe informações importantes que podem dar o norte em muitas de nossas ações. O conjunto da sociedade precisa de um olhar diferenciado para a habitação de interesse social. Com informações e parceria conseguiremos traçar caminhos importantes para a melhor formação das cidades”, disse.
Outro ponto destacado durante o evento foi o projeto com os governos locais para o MCMV com o objetivo de escalar parcerias. O diretor executivo de Habitação da Caixa Econômica Federal, Rodrigo Wermelinger, ainda explicou as propostas para o programa com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e do FGTS.
Secretaria Nacional de Habitação – SNH
O secretário Nacional de Habitação, Hailton Madureira, e a diretora do departamento de Provisão Habitacional da SNH, Ana Paula Maciel Peixoto, estiveram presentes no evento promovido pela CBIC para esclarecer as principais dúvidas sobre as políticas públicas relacionadas ao MCMV.
Madureira destacou o importante papel que a CBIC tem desempenhado para a construção de um programa eficaz e atraente para o mercado. “Para construir habitação é necessário diálogo. A CBIC tem papel fundamental em fazer essa ponte entre setor público e privado. Vamos manter essa agenda e construir o futuro”, apontou.
Segundo Madureira, o programa tem uma grande capacidade de entrega de unidades habitacionais pelo programa e com a melhoria de crédito e a baixa de juros, será possível chegar a dois milhões de unidades durante os quatro anos do atual governo, apontou.
O evento, promovido pela CHIS teve como objetivo o debate sobre novidades nas regras do MCMV, além das novas modalidades operacionais. O encontro contou com a presença de empresários de todas as regiões e a participação de mais de 90 pessoas online.
Nova gestão
Clausens Duarte assumiu a Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC nesta terça-feira (4). Duarte integra a diretoria que assumiu a entidade para a gestão 2023-2026. Carlos Henrique Passos, ex-presidente da Comissão, assume a vice-presidência administrativa da CBIC.
Clausens agradeceu a confiança do cargo, destacou o legado e o trabalho de Passos. “Além do déficit habitacional temos diversos outros desafios. Precisamos melhorar nosso ambiente de negócios, lutar pelo aumento de investimentos no setor e defender a equidade, a justiça e os legítimos interesses dos nossos associados e clientes. A construção, em especial os programas habitacionais, tem o privilégio de mudar a vida das pessoas. Carlos Henrique fez um trabalho incrível à frente da Comissão neste sentido e vamos continuar”, disse.
O presidente da CBIC, Renato Correia, enfatizou o trabalho desempenhado por Passos para a elaboração de uma agenda positiva sobre o tema da habitação de interesse social, reconhecida não apenas pelos associados e membros da CBIC, mas também por toda a rede de relacionamento institucional, apontou.
O evento tem interface com o projeto “Melhorias para o Mercado Imobiliário”, da CII/CHIS da CBIC, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).
Fonte: CBIC
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