No setor da construção, na comparação do primeiro trimestre com o último de 2021, a queda de quase 3 pontos do índice revela que houve deterioração tanto na avaliação corrente dos negócios, quanto na percepção em relação à demanda e à tendência dos negócios nos próximos meses. A piora o cenário atinge confiança.
De todo modo, a atividade setorial continua registrando o ciclo recente de negócios no mercado mobiliário, assim como os investimentos na infraestrutura. O estoque de trabalhadores com carteira alcançou 2,284 milhões em fevereiro, o que representou um crescimento de 10,8% em relação a fevereiro de 2021. Ou seja, começa a se observar um descolamento entre a atividade corrente e a avaliação dos negócios.
Por sua vez, esse cenário atinge também as expectativas, que passaram a mostrar um maior pessimismo com o curto prazo. No segmento de serviços – que abrange imobiliárias e escritórios de engenharia e arquitetura – o indicador também caiu nesta mesma comparação de 2022 com 2021, sendo a piora mais acentuada entre as imobiliárias, que provavelmente já sentem os reflexos do aumento das taxas dos financiamentos habitacionais e do maior endividamento das famílias.
No comércio, a percepção referente à demanda corrente mostra um pessimismo muito maior do que no último trimestre de 2021. O Índice de Confiança dos estabelecimentos de vendas de materiais caiu 4,5 pontos na comparação do primeiro trimestre deste ano com o último do ano passado. Inflação mais alta, endividamento e reabertura das atividades agora conspiram contra as reformas e as vendas de materiais registram queda. Apesar de o ciclo não ter se esgotado completamente, as vendas não estão se sustentando no patamar do ano passado.
As compras das construtoras não têm sido suficientes para segurar a demanda da indústria, que está acusando redução da demanda interna. Como as expectativas para próximos meses também se deterioraram, o Índice de Confiança caiu mais de 12 pontos na comparação com o último trimestre de 2021, ou seja, o pior resultado entre os elos da cadeia.
Vale notar que esse sentimento mais pessimista está disseminado: o Índice de Confiança Empresarial teve queda de 5,5 pontos na comparação do primeiro trimestre com o último do ano passado e em março caiu para baixo do patamar pré-pandemia.
Enfim, a queda generalizada da confiança é alimentada pelo cenário de juros e inflação mais elevados, o que, por sua vez, atingem as decisões de investimento e minam as condições de crescimento de longo prazo.
Leia a íntegra da análise sobre Nível de Atividades elaborada pelo FGV/Ibre para o SindusCon-SP aqui.
Fonte: Sinduscon-SP
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